Crianças e jovens estariam sendo vítimas de estupros, raptos e encarceramentos na Reserva do Guarita

O Ministério Público em Coronel Bicaco, por meio do promotor de Justiça Miguel Germano Podanoche, está acompanhando as investigações policiais do caso da jovem kaingang, de 14 anos, que foi encontrada morta na tarde de quarta-feira, dia 4 de agosto, em terra indígena no município de Redentora, localizada na região noroeste do Estado.

“O caso, por envolver uma investigação complexa, está sob sigilo. Por enquanto, o MP está colaborando com a Delegacia de Polícia e aguardando que o inquérito policial seja concluído, para que então se busque a punição da pessoa ou das pessoas envolvidas no fato”, disse o promotor.

Denúncia

O corpo de Daiane Griá Sales foi encontrado no Setor Estiva, da Terra Indígena do Guarita, no município de Redentora. Moradora do Setor Bananeiras da Terra Indígena do Guarita, Daiane foi encontrada em uma lavoura próxima a um mato, com as partes do corpo da cintura para baixo arrancadas e dilaceradas.

A Polícia Civil da região está investigando o caso e não descarta nenhuma hipótese, incluindo a da possível ocorrência de violência sexual, seguida de morte e mutilação do corpo. Há relatos de outros casos de ataques contra mulheres indígenas que estariam acontecendo na região. Localizada em uma área de 23,4 mil hectares, a Terra Indígena do Guarita abriga mais de 6 mil pessoas e é a maior terra indígena do Estado, abrangendo os municípios de Tenente Portela, Redentora e Erval Seco, no Noroeste gaúcho

Uma fonte que trabalhou por muitos anos na região e que pediu para não ser identificada por razões de segurança disse que crianças e jovens indígenas que vivem na região enfrentam uma realidade muito difícil, convivendo com casos de estupro, raptos, encarceramentos e outras situações de violência. Segundo ela, 90% da comunidade, de aproximadamente 6 mil pessoas, é muito sofrida e crianças, adolescentes e jovens não têm a proteção necessária diante dessa realidade.

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O aumento da presença de não índios dentro da comunidade seria outro fator que estaria agravando essa situação de insegurança. As famílias de Daiane e de outras meninas que teriam sofrido casos de abuso estariam amedrontadas.

Ela também aponta uma grande omissão por parte das autoridades. Segundo ela, passou da hora de o Ministério Público, a Funai e a Polícia Federal enfrentarem essa situação.

Informações MP RS e Sul21.


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