Que a altitude é um problema em jogos de Copa Libertadores, todos sabemos. Sabemos também, que lá se joga fechado, sem dar espaços ao ataque adversário, com um contra-ataque rápido para achar o gol da vitória e, principalmente, com jogadores experientes. Não é tão difícil na teoria e na prática, pois todo ano tem equipes de lá que só sabem jogar em casa e usam isso a seu favor.
É uma arma deles, paciência.
Mas o que aconteceu na última terça-feira (20) na Bolívia, foi uma bagunça. De início, o técnico Ramírez escalou um time todo desajeitado, com muitos espaços e sem nenhuma ligação entre os setores. Depois, fez suas trocas com insegurança e sem nenhuma coerência. Mostrou que não sabe fazer a leitura do jogo e, principalmente, jogar na altitude.
Não há como julgar o cansaço dos jogadores, mas a atitude sim!
É preciso brigar pela bola, fazer faltas, amarrar o jogo, dividir a jogada com vontade, falar com os companheiros em campo, conversar com o treinador, se cobrar e se organizar. Não se viu nada disso. Só se viu conformidade com o que estava acontecendo, a começar pelo nosso capitão Dourado.
Há tempos que venho falando sobre ele. Esse cara tem que organizar o time em campo, motivar os colegas, cobrar dos árbitros os cartões e as faltas dos adversários. Colocar o Dourado como capitão do Inter é o mesmo que colocar o Neymar como capitão da Seleção Brasileira: ficar sem comando dentro de campo!
O Always Ready, que poderia ser o nome de um time amador aqui da cidade, usou a altitude a seu favor, teve atitude e dominou o Inter o jogo todo. Tanto é verdade, que o destaque do time de Ramírez foi Marcelo Lomba. Nos dois gols não teve culpa alguma.
Vamos à leitura do jogo: Ramírez escalou Maurício, Palacios, Caio Vidal e Galhardo no meio e ataque. No papel o time é bom para jogar na altitude, mas na prática, nenhum fez absolutamente nada. Mal conseguiam voltar para recompor a defesa. Claro que isso é culpa da altitude, mas também é culpa de um treinador que não soube orientar e de um capitão que não sabe ajeitar o time em campo.
Nas trocas, o treinador colorado se perdeu todo. Colocou Lucas Ribeiro de volante e o tirou logo depois para entrar Nonato, que, sinceramente, não é jogador de futebol. Depois, tentou Rodinei na lateral-esquerda, no lugar de Moisés. Entraram ainda Praxedes e Yuri Alberto, esses dois um pouco melhor.
No final, de nada adiantaram as trocas e as invenções de esquema do espanhol.
O Colorado estreou com derrota na altitude, mas esse cronista não é aqueles da terra arrasada. Ramírez precisa de tempo como todo treinador. Acredito que neste jogo tenha tido uma de suas lições mais importantes e espero que saiba aproveitar.
COMO JOGARAM:
Marcelo Lomba – Salvou o Inter da goleada – 8,0
Heitor – Um dos mais esforçados em campo – 7,5
Zé Gabriel – Ainda é tempo de buscar outra profissão – 1,0
Cuesta – Nunca o vi tão invocado – 7,0
Moisés – Não conseguiu atacar e nem defender – 3,0
Dourado – Até fez um bom jogo, mas precisa ser capitão – 5,0
Edenilson – Tentou, mas o pulmão estava comprometido – 6,0
Maurício – Muito mal – 4,0
Palacios – Nem entrou em campo – 2,0
Caio Vidal – Nada também – 4,0
Galhardo – Teve chance de gol e desperdiçou – 5,0
Lucas Ribeiro – Foi queimado em outra posição – 2,0
Nonato – Não tenho nem o que falar – 0,0
Praxedes – Entrou com vontade, mas só isso – 5,5
Yuri Alberto – Entrou bem e deu um chute no travessão. Pra mim é titular incontestável – 8,0
Rodinei – Entrou no fim – sem nota
Miguel Ángel Ramírez – Deve ter mascado muita coca antes do jogo – 3,0
DÊNIS OLIVEIRA