Em Serafina Corrêa, a quinta-feira (30/05) foi marcada pelo 1º Encontro de Bovinocultores de Leite do município, no Clube dos Motoristas. Na parte da manhã, o evento contou com um painel sobre o Cenário do Leite na visão das entidades, mediado pelo zootecnista Jaime Ries, assistente técnico estadual da Emater/RS-Ascar. A Cooperlate, o Senar-RS, o Sindilat/RS e a Emater/RS-Ascar apresentaram um resumo da situação do leite e os trabalhos que cada entidade executa na região e no município.
O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Leandro Ebert, apresentou dados da produção de leite e sua relevância em Serafina Corrêa. “O leite vem perdendo importância nos últimos anos, com várias famílias abandonando a atividade ou investindo em outras, como a produção de grãos”, explica Ebert.
Para exemplificar, o agrônomo apresentou uma análise das 34 famílias do município participantes do Programa Gestão Sustentável na Agricultura Familiar, da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), das quais 19 atuam no leite. “Apesar de a renda obtida por área do leite ser maior do que a com grãos, os dados preocupam, uma vez que o custo de produção de leite está elevado, diminuindo a margem dos agricultores”, destaca. Entretanto, há bons exemplos de famílias que encaram a realidade, como a Silvestrin. Na propriedade está implantada uma Unidade de Referência do Programa, que de um ano para outro aumentou a produção em mais de 50%. Com os ajustes no manejo da alimentação do rebanho os custos diminuíram de R$ 1,11 para R$ 0,81 por litro de leite e multiplicando a renda agrícola em mais de 1.000%, passando de R$ 430,00 ao mês para quase 4.800, 00, em apenas oito hectares.
Ao término da explanação dos painelistas, a produtora Ana Lice Silvestrin Martins, da família Silvestrin, deu seu depoimento: “Se vocês tiverem oportunidade de participar desses programas, participem, porque vai dar certo. Lá em casa tá dando certo, eu até saí da empresa que trabalhava pra cuidar das minhas meninas, que são minhas vaquinhas”, concluiu a agricultora. Na sequência, foi promovido um debate dos participantes com os painelistas das entidades, respondendo aos questionamentos do público e finalizando a parte da manhã do evento.
No período da tarde, o encontro retornou com o médico veterinário Kleiton Adolfo Pan, fiscal estadual agropecuário da Inspetoria de Defesa Agropecuária, que discorreu sobre Tópicos Importantes de Sanidade. Em seguida, os produtores participaram da oficina “Perspectivas para o Leite em Serafina”, onde, em uma dinâmica em grupos, elencaram respostas a perguntas orientadoras sobre o tema.
Nas apresentações, os bovinocultores destacaram que produzem leite por gostar da atividade e buscarem renda para a família. Entretanto, possuem dificuldades, principalmente relacionadas à mão de obra e custos ou margens apertadas com os preços do leite. Ao mesmo tempo, relataram que precisam de incentivos a partir de políticas públicas voltadas ao setor agropecuário, manutenção e melhoria das estradas e acessos e capacitação técnica para a atividade. Manejo, com adequação a tecnologias, normas e aos recursos disponíveis, gestão da atividade e comprometimento, foram apontados como estratégias que podem ser tomadas por eles para enfrentar as dificuldades.