A Polícia Civil do Ceará estima que mais de 5 mil pessoas em todo o Brasil foram afetadas pelo golpe de clonagem no WhatsApp: estelionatários roubam seu número de celular e pedem dinheiro para seus contatos. Algumas transferências têm valor pequeno, mas há casos que chegam a R$ 80 mil. Este tipo de crime vem ocorrendo há anos; você pode evitá-lo ativando a verificação por duas etapas no aplicativo, as informações são do Portal Tecnoblog.
O delegado Julius Bernardo explica ao jornal O Povo que os golpistas fazem pesquisa para mirar em determinadas vítimas, buscando “pessoas com um bom poder aquisitivo, políticos e também funcionários de instituições públicas”. Ele é diretor da Célula de Inteligência Cibernética na Polícia Civil do Ceará.
O criminoso adquire um chip e solicita à operadora o resgate do número da vítima escolhida. Dessa forma, ele consegue acesso ao WhatsApp. Também é necessário obter o celular de parentes e amigos para conversar com eles se passando pela vítima.
Em comunicado, a polícia explica que o golpe muda de acordo com o perfil do alvo. Dependendo do caso, o estelionatário pede dinheiro para trocar um pneu de carro, comprar um eletrodoméstico ou adquirir um carro. Ele solicita com urgência um depósito na conta de um “laranja”; os valores transferidos ficam entre R$ 70 e R$ 80 mil.
Grupo criminoso clona WhatsApp em diversos estados
Julius nota que esse crime pode ser praticado de qualquer lugar do Brasil, por ser realizado via internet; e não envolve apenas por uma pessoa: “sabemos que o golpe era bem estruturado, contando com a participação de vários envolvidos”.
A investigação da Célula de Inteligência Cibernética vem sendo realizada há três anos. Foi identificado um dos chefes do grupo — que atua em diversos estados — assim como diversas pessoas com participação direta ou indireta no esquema.
Mais de 5 mil pessoas foram vítimas desse golpe no país, mas a polícia acredita que o número seja maior, porque muitas pessoas não registram queixa. No Ceará, foram abertos 50 boletins de ocorrência na Polícia Civil.
Um desses casos envolve a jornalista Giselle Soares: um criminoso roubou seu número de celular e pediu R$ 1.500 para um amigo dela via WhatsApp, para a garantia de aluguel de um apartamento.
“Quando olhei meu celular, percebi que estava sem sinal e que o WhatsApp não estava funcionando”, ela conta à Agência Brasil. O amigo desconfiou dos dados bancários, que eram de outra pessoa, e decidiu ligar para Giselle. A transferência não foi realizada.
Ative a verificação de duas etapas no WhatsApp
Julius recomenda que as pessoas não façam transferência com base apenas em mensagens de WhatsApp — mesmo que pareça ser algo urgente.
“A pessoa deve ligar para os seus amigos e familiares sempre que desconfiar do teor da conversa. Mesmo que pareça totalmente seguro, é necessário conferir por ligação telefônica ou outros meios se a mensagem recebida realmente foi enviada pelo amigo, cliente, familiar ou chefe”, ele orienta.
Além disso, você deveria ativar a verificação de duas etapas. Dessa forma, mesmo que um criminoso roube seu número de celular, ele precisará de um código numérico para acessar sua conta do WhatsApp.
É simples: siga o caminho Conta > Verificação em duas etapas, insira um PIN de seis dígitos e um endereço de e-mail para recuperar a conta.
O WhatsApp vai solicitar, de tempos em tempos, que você digite esse PIN para continuar usando o aplicativo (não há como desativar isso). Se você receber um e-mail do WhatsApp para desativar a verificação em duas etapas, não clique no link — pode ser um criminoso tentando invadir sua conta.